CONGONHAS DO CAMPO
Sua trajetória histórica
O Arraial das Congonhas do Campo, cidade hoje conhecida como Congonhas data do fim do século 17, com a chegada de exploradores à procura de ouro de aluvião (o ouro encontrado nos leitos dos rios).
O Padre João Antonio Andreoni, autor de ‘‘Cultura e Opulência do Brasil pelas suas drogas e minas’’ relatou, quando passou pela região, nos anos de 1704-1706, a ‘roça das Congonhas, junto ao Rodeio da Itatiaia’. A posição no roteiro coloca essa ‘roça’ próxima ao atual distrito de Lobo Leite ainda no município de Congonhas.
Outros documentos tratam de uma região já habitada, na chegada dos bandeirantes, pelos índios carijós. O naturalista Eschwege, escreveu sobre o fato de um número indeterminado de índios Puris, vindos da região do Rio Piranga, terem sido ‘‘... assassinados nestas matas como animais selvagens pelos capitães-do-mato, não muito distante do arraial de Congonhas do Campo e Rio Paraopeba’’. Além dos índios, há ainda relatos de quilombos na região.
E eram exatamente esses habitantes da região os responsáveis pelas primeiras explorações, nas areias nas margens dos córregos, sem aprofundados conhecimentos técnicos, porém, ainda assim, conseguiram, segundo relatam as notícias iniciais, grandes fortunas. Congonhas foi palco de atividade intensa de garimpeiros independentes: negros libertos, pardos, mamelucos e brancos, pobres ou empobrecidos a quem o sonho do ouro era o único plausível.
Por fim, há também, na região, relatos da presença de ciganos que eram acusados de furtos e classificados como um povo que se misturava facilmente. Em um documento de 1755 foi registrado que andavam ‘vadiando e furtando bestas junto com mulatos, carijós e gente da terra’.
Com a chegada de bandeirantes e novos exploradores, além da igreja, em 1745, o local foi elevado à freguesia de Congonhas. O local tinha, entre suas características, muito da violência característica das fronteiras coloniais naquele período. E o principal caminho para chegar até Congonhas era o que passava por Alto Maranhão, com diversas fazendas e defesas contra a aproximação de quilombolas e assaltantes. Foi nesse ponto que se instalou o presídio de Alto Maranhão. O nome presídio não dizia respeito a uma prisão, mas, sim, um local para combater o extravio de ouro.
A vinda da Corte Portuguesa mudou a história de Congonhas. Ali, onde reservas de ferro já haviam sido notadas por diversos naturalistas, estabeleceu-se uma das fábricas de ferro que iniciou a siderurgia industrial do início do século 19 no Brasil. Foi a noroeste de Congonhas do Campo que se estabeleceu a Fábrica Patriótica. As ruínas dessa fábrica estão no município de Ouro Preto, junto à divisa com o município de Congonhas, nas margens do Ribeirão da Prata.
O local cresceu, tornou-se ponto de comércio e viu chegar diversos forasteiros. Da Paróquia de Congonhas do Campo dependiam onze filiais: Nossa Senhora da Boa Morte; São Gonçalo; Santa Ana; Senhor do Bonfim; Nossa Senhora da Piedade; Santa Cruz do Salto; Santa Cruz do Brumado; Santa Cruz do Redondo; Santa Cruz do Suaçuí; Santa Quitéria e Nossa Senhora do Rio do Peixe. Em 1827 chegaram Padres Lazaristas, que passaram a administrar o Santuário do Senhor do Bonfim e implementaram o seminário e a escola.
Em meados do século 19, Congonhas era polo de efervescência intelectual, pela presença de jornais e da instituição escolar dos padres. Muitos relatos de viajantes europeus do século 19 se referem a suas passagens por Congonhas e região, atraídos, principalmente pelo Santuário da Irmandade de Bom Jesus de Matosinhos. Hoje, o local abriga uma grande igreja, os 12 profetas em pedra-sabão e 64 esculturas em tamanho natural, representando os ‘Passos da Paixão de Cristo’, sendo que, ao menos parte, foram esculpidas por Aleijadinho e policromadas pelo Mestre Ataíde.
O Santuário logo passou a ser a principal atração da cidade, não apenas para viajantes e devotos, como também para exploradores. O local era um grande centro religioso, com a vida cotidiana dominada pela presença dos padres, uns poucos professores leigos, alunos das instituições de ensino católicas, visitantes e romeiros que iam e vinham às igrejas e ao Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, em cujas redondezas estavam fazendas que tratavam de plantar gêneros de subsistência, um pouco de cana de açúcar e a criar algum gado, cavalos e asnos”, como descreve Marcus Duque Neves, em um dos artigos organizados pela doutora Alenice Baeta.
A religiosidade torna-se, assim, característica marcante de Congonhas. Além do Santuário, a cidade abriga diversas igrejas que também ajudam a contar sua história. Esses detalhes são encontrados nos documentos oficiais da cidade e contados, atualmente, de forma oficial pela cidade, da seguinte forma:
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário é a mais antiga de Congonhas e também a mais singela. Foi construída pelos escravos no final do século 17, antes mesmo da chegada das levas de mineradores à região. A primeira metade do Século XVIII foi marcada em Congonhas como a época de intensa religiosidade, traduzida pela construção da maioria das igrejas, que ainda hoje representam a fé de seu povo.